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Divergências entre prefeitos e governador sobre lockdown e flexibilização não foram superadas apesar das reuniões específicas para tratar do assunto

Os prefeitos do Rio e Niterói, Eduardo Paes e Axel Grael, chegaram a conclusão, após ouvirem comitês científicos, entidades de classe e profissionais de saúde, que a única maneira de evitar o completo colapso nas unidades hospitalares é decretar um lockdown completo durante 10 dias por conta da pandemia do novo coronavírus. Foram diversas as reuniões entre eles e o governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para definir novas medidas de restrição, porém, sem acordo.

No último sábado, Castro havia se reunido com representantes do comércio, hotelaria e supermercados, dentre outros, para decidir sobre as medidas de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus no estado. O governador salientou que é necessário escutar e “manter o diálogo com todos os setores envolvidos”. Neste encontro, estiveram presentes o presidente da Fecomércio, Antonio Florencio de Queiroz Junior; a presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Ângela Costa; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Paulo Michel; o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Pedro Hermeto; o presidente da Associação dos Supermercados do Rio, Pedro Paulo; o presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho; os deputados federais Dr. Luizinho e Hugo Leal, os deputados estaduais Marcio Pacheco (líder do Governo), Rodrigo Amorim e Léo Vieira, além de representantes de Firjan, Supervia,  Fetranspor, Sindicato dos Bares e Restaurantes do Rio, Associação de Empresas de Eventos, Apresenta Rio e Multiplan.

De acordo com o presidente executivo da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, Fábio Rossi de Queiróz, em seu perfil no Instagram, “o governador declarou-se contra o lockdown e o setor produtivo apoiou essa declaração e ficou combinado que haverá um superferiadão entre os dias 26 de março e 4 de abril”.

Castro demonstrou alinhamento com os empresários. Afirmou que é preciso “ouvir todas as necessidades e aflições do setor produtivo. A preocupação é principalmente com a vida das pessoas, mas temos que preservar o emprego, dialogar e garantir o equilíbrio da sociedade. É fundamental analisar os dados diariamente para tomarmos as decisões corretas para cada momento da pandemia. E é isso que estou fazendo. Tudo com base em dados técnicos”.

Sem acordo, em reunião nesta segunda-feira, sobre o fechamento total dos setores não essenciais, os prefeitos divulgaram agora a tarde que os dois municípios irão proibir o funcionamento de bares, restaurantes e escolas, independentemente da orientação estadual.

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Banhista gesticula para agente ao ser retirado da praia de Ipanema Foto: Marcia Foletto/Agência O Globo

Também agora a tarde, o médico Daniel Becker, membro do Comitê Científico de Acompanhamento de Ações contra a Covid-19 da Prefeitura do Rio, do Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ, divulgou um vídeo em seu Instagram afirmando a necessidade de lockdown urgente na cidade:

“Estamos na pontinha do precipício. Se a gente não fizer nada, a saúde vai entrar em colapso. E isso não é grave só para quem tem Covid. É grave para todos nós. Qualquer tipo de atendimento em hospital é arriscado não termos recurso para poder realizar. E, pior ainda, podemos ter falta de insumos fundamentais, como por exemplo essa questão sobre os kits de intubação. Imagine uma pessoa ser intubada sem sedativo? Imagine uma pessoa que se acidenta no trânsito e não tem ambulância para levar, hospital para receber? Uma mulher grávida que possa estar em um parto complicado e não tem um CTI para receber… É muito grave o que está acontecendo. Precisamos, infelizmente, fechar a cidade por um certo período”

Veja a seguir o que poderá funcionar e o que não terá permissão para abrir:

Não poderão funcionar:

  • lojas de comércio não essencial;
  • shoppings;
  • bares, lanchonetes e restaurantes (só podem funcionar no esquema drive thru ou entrega);
  • boates;
  • danceterias;
  • museus;
  • galerias;
  • bibliotecas;
  • salões de cabeleireiro;
  • clubes;
  • quiosques;
  • parques de diversão
  • escolas
  • universidades
  • creches
  • cirurgias e procedimentos eletivos em unidades da rede pública
  • eventos esportivos (incluindo jogos de futebol)
  • permanência nas praias seguem proibidas (atividades físicas individuais permitidas)
  • estabelecimento de ensino de esportes, música, arte, cultura, cursos de idiomas, cursos livres, preparatórios e profissionalizantes (presenciais)
  • centro de treinamento e formação de condutores
Poderão funcionar (com restrições):
  • bancas de jornal, sendo proibidas a venda de bebida alcoólica
  • supermercado;
  • farmácia;
  • atividades físicas individuais em parques e praias;
  • transporte;
  • comércio atacadista;
  • pet shop;
  • lojas de material de construção;
  • locação de carros;
  • serviços funerários;
  • bancos
  • serviços médicos
  • Mecânicas e loja de autopeça
  • Hotelaria, com serviço de alimentação restrito a hospedes
  • igrejas
  • postos de combustíveis
  • feiras livres
  • serviços de telecomunicações, teleatendimento e call center

As prefeituras ainda irão publicar decretos com mais detalhes.

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Daniel Spirin Reynaldo/Ascom CES-RJ