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Recursos hospitalares – insumos, equipamentos e profissionais de saúde – se encontram em nível crítico, o que ainda pode causar um quadro de desassistência de saúde e comprometer o atendimento de outras doenças e agravos

Nas Semanas Epidemiológicas 16 e 17 de 2021 (18 de abril a 1º de maio) houve uma ligeira queda no número de casos e óbitos por Covid-19 e as incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) permanecem em níveis muito altos em todos estados, ainda que em estabilidade ou redução em muitos estados. As oscilações desses indicadores nos estados, a alta proporção de testes com resultados positivos, bem como a manutenção da sobrecarga de todo o sistema de saúde podem apontar para a permanência de um patamar de transmissão, com valores altos de incidência e mortalidade, formado a partir de março de 2021 e mantido pela intensa circulação do vírus SARS-CoV-2 em todo o país.

A ligeira redução em casos e óbitos por Covid-19 não significa que tenhamos saído de uma situação crítica, pois as médias diárias de 59.000 casos e de 2.500 óbitos diários nestas duas se ainda se encontram em patamares muito elevados. Ao mesmo tempo, temos a continuidade do processo de rejuvenescimento da pandemia, com uma clara mudança demográfica, com adultos jovens e de meia-idade representando uma parcela cada vez maior dos pacientes em enfermarias e unidades de terapia intensiva. Neste contexto, os altos níveis para SRAG e casos de Covid-19 significam ainda uma elevada demanda para o sistema de saúde com consequências na taxa de ocupação de leitos UTI, de modo que a lenta tendência de queda em quase todo país ainda exige a adoção das medidas de contenção, resposta e mitigação combinadas a depender da situação de saúde dos municípios/regiões/estados. Somente a redução sustentada por algumas semanas poderá permitir a melhoria dos vários indicadores de monitoramento da pandemia.

Os recursos hospitalares – insumos, equipamentos e profissionais de saúde – se encontram em nível crítico, o que ainda pode causar um quadro de desassistência de saúde e comprometer o atendimento de outras doenças e agravos. Mesmo que o país não esteja mais na situação de colapso do sistema de saúde, a Pesquisa CNM – COVID-19 – Edição 06 – de 26/04 a 29/04 demonstra que municípios ainda apontam o risco iminente do hospital da região ficar sem medicamentos do kit intubação (22,6%), sem oxigênio no hospital e Centro Covid (7,9%).

Se os cuidados em saúde para os casos de Covid-19 ainda se encontram em situação crítica em muitos municípios e estados, em especial para os casos graves e que demandam leitos UTI, destacamos nesse Boletim que é necessário organizar o sistema de saúde para as condições e efeitos de longo prazo Pós-Covid-19, os quais já vêm ocorrendo e que devem ser acompanhados na rede de atenção à saúde.

Existe uma defasagem de cerca de duas semanas entre o momento de redução da incidência da Covid-19 e a diminuição da mortalidade. Devido à longa permanência média de doentes graves nas unidades de internação, o alívio da demanda de leitos hospitalares pode tardar mais de um mês para ser observado. Nesse sentido, somente com a aceleração da campanha de vacinação e a intensificação de ações de distanciamento físico e social, combinadas com proteção social, podemos alcançar a queda sustentada da transmissão e a redução da demanda pelos serviços de saúde.

Com o objetivo de reforçar que com vontade e decisões políticas, com mobilização e participação da sociedade, é possível reduzir a transmissão do SARS-CoV-2 e casos de Covid-19, neste Boletim trazemos a experiência do Conexão Saúde no Complexo da Maré que, entre outros resultados, logrou reduzir as mortes por Covid-19.

Fiocruz