BRASÍLIA – No primeiro dia da 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, André Ferraz, coordenador da Comissão Organizadora da 2ª Conferência Estadual de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Rio de Janeiro, destacou a urgência de erradicar todas as formas de trabalho precário no Sistema Único de Saúde (SUS).

“A principal prioridade que esperamos abordar aqui nessa conferência é a erradicação das formas precárias de trabalho no SUS”, afirmou Ferraz em entrevista. Ele enfatizou que o SUS, sendo a maior política pública permanente do Brasil, não pode mais conviver com práticas como o trabalho intermitente e a terceirização, que comprometem a qualidade do atendimento à população.
Ferraz ressaltou que a precarização do trabalho não apenas onera os cofres públicos, mas também desagrada os usuários e desampara os profissionais de saúde. “Os trabalhadores se sentem inseguros, com a única certeza sendo a de sua demissão”, disse ele, referindo-se à falta de garantias oferecidas por organizações sociais e parcerias público-privadas (PPPs).
O coordenador defendeu a necessidade de resgatar direitos trabalhistas, destacando a importância de uma carreira de estado para os profissionais da saúde. “Queremos que esses trabalhadores tenham a certeza de que podem se qualificar e oferecer um serviço de melhor qualidade à população”, enfatizou.
Ferraz também alertou para o problema das contratações temporárias na União, que perpetuam a precarização do trabalho. “Essas recontratações oneram os cofres públicos e poderiam ser evitadas se uma carreira de estado interfederativa do SUS fosse uma realidade”, afirmou.
Além disso, ele mencionou a importância de reafirmar a resolução do Conselho Nacional de Saúde, número 33, que aborda a rede de hospitais federais do estado do Rio de Janeiro. “Não aceitamos o fatiamento dos serviços sem a anuência do controle social e sem uma gestão participativa”, disse Ferraz.
A delegação do estado do Rio de Janeiro está presente na conferência para defender não apenas os direitos dos trabalhadores do SUS, mas também para garantir uma saúde integral e universal para todos. “Queremos uma saúde gratuita que volte a ser majoritariamente estatal”, concluiu Ferraz.
A conferência representa um espaço vital para discutir e propor soluções que assegurem melhores condições de trabalho e educação na saúde, reafirmando o compromisso com um sistema que prioriza o bem-estar da população.
Entre os dias 10 e 13 de dezembro deste ano acontece em Brasília a 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, momento onde delegações dos 27 estados estarão reunidas para debater e propor politicas públicas para a área para os próximos anos. Sob o tema “Democracia, Trabalho e Educação na Saúde para o Desenvolvimento: Gente que faz o SUS acontecer”, a 4ª CNGTES está reunindo milhares de pessoas delegadas eleitas através das etapas estaduais, bem como provenientes das conferências livres.
Confira a programação completa.
Daniel Spirin Reynaldo/Ascom CES-RJ