Entrevista com Leonardo Légora, presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro

BRASÍLIA – O presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (CES/RJ), Leonardo Légora, destacou os riscos associados à descentralização dos hospitais federais durante a 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Em entrevista, Légora expressou sua preocupação com a qualidade do atendimento à população e a gestão dos recursos de saúde.

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Presidente do CES/RJ, Leonardo Légora.

Légora iniciou sua fala ressaltando que a descentralização, especialmente quando realizada sem concursos públicos e por meio de contratações diretas, tende a precarizar o trabalho dos profissionais da saúde.

“Um trabalhador precarizado não tem coragem de enfrentar os problemas do dia a dia, que são muitos no nosso país, para realizar um trabalho de qualidade”, afirmou.

O presidente também criticou a recente municipalização de mais dois hospitais, que, segundo ele, evidencia a incapacidade da prefeitura em gerir adequadamente essas unidades.

“Isso comprova a nossa tese de que a privatização está ocorrendo de forma direta e sem problemas”, disse Légora, mencionando casos de assédio moral nos hospitais que foram transferidos para o Grupo Hospitalar Conceição.

Durante a conferência, Légora observou que havia vozes a favor da descentralização, mas alertou que essas pessoas ignoram a singularidade da rede federal de saúde no Rio de Janeiro, que, historicamente, atende a todo o país. Ele fez um apelo para que estados que enfrentam precarização no trabalho se unam à luta por um sistema de saúde mais justo e eficaz.

“Precisamos garantir que o acesso ao trabalho nos hospitais federais seja através de concurso público, com equipamentos adequados e um atendimento de qualidade”, enfatizou.

Légora também mencionou o documento do Conselho Nacional de Saúde, que se manifestou contrária à descentralização, recomendando uma pausa nas implementações e um diálogo com as instâncias sociais.

“É fundamental que os trabalhadores sejam respeitados e que o Ministério da Saúde cumpra a lei. Não estamos pedindo nada demais”, concluiu Légora.

Assista à entrevista.

Daniel Spirin Reynaldo/Ascom CES-RJ